Morreu nesta segunda-feira (5 de março), aos 76 anos, o Padre Luiz Facchini. A causa da morte ainda não foi divulgada. A hipótese mais provável é ataque cardíaco. O velório está acontecendo na Paróquia Cristo Ressuscitado na rua Guararapes, 100, no bairro Floresta, em Joinville. Haverá nesta terça-feira (6 de março) missa às 9h30. Às 15h sairá  o cortejo do corpo do padre Facchini da paróquia Cristo Ressuscitado para a Catedral de Joinville, onde ocorrerá a missa de corpo presente às 16h. Em seguida será o sepultamento na Cripta da Catedral.

Padre Luiz Facchini nasceu em 24 de junho de 1943 em Merim Docê, Santa Catarina. Com 10 anos de idade entrou no seminário dos Freis Capuchinhos em Irati, no Paraná. Fez o Ensino Fundamental no Seminário Diocesano de Taió (SC), o ensino médio no Seminário de Azambuja em Brusque (SC). Concluiu a filosofia em Curitiba em 1966 e foi cursar teologia em Friburgo, na Suíça. Foi ordenado presbítero na Suíça no dia 5 de outubro de 1969. Teve mais dois irmãos que foram ordenados padres: Justino Facchini e João Facchini.

Padre Luiz voltou para o Brasil em 1970 e foi trabalhar como vigário da Paróquia Nossa Senhora da Graça em São Francisco do Sul. Logo em seguida, o então bispo dom Gregório Warmeling o nomeou coordenador diocesano de pastoral entre os anos de 1971 a 1973. No ano seguinte foi morar numa casa na lateral da Rua Monsenhor Gercino em Joinville para fazer uma experiência de inserção junto ao povo. Lá, junto com o irmão e padre João Facchini, capacitaram num curso bíblico 12 casais que posteriormente iniciaram os círculos bíblicos. Também neste período fizeram um levantamento da realidade visitando todas as famílias do bairro e foi quando surgiu a necessidade de criar a paróquia Cristo Ressuscitado, no sábado de Páscoa, em 16 de março de 1975.

Padre Luiz construiu ao longo da vida uma rica história de dedicação ao lado dos pobres. Grande adepto da Teologia da Libertação, foi o precursor das Comunidades Eclesiais de Base (Cebs) e dos Círculos Bíblicos na Diocese de Joinville. Fez história à frente da Paróquia Cristo Ressuscitado, no bairro Floresta, onde atuou por 25 anos. Foi o primeiro pároco da paróquia quando a comunidade foi desmembrada do atual Santuário Sagrado Coração de Jesus. No Ano 2000, criou e assumiu como pároco a Paróquia Nossa Senhora de Belém, no bairro Boehmerwald. Sempre preocupado com a formação de lideranças, promoveu escolas de ministérios, de teologia e de bíblia nas paróquias onde atuou.

Outro marco significativo da trajetória do padre Luiz Facchini foi a criação do Centro de Direitos Humanos de Joinville em 1978, que contou com as ilustres presenças de dom Paulo Evaristo Arns e do prefeito de Joinville Luiz Henrique da Silveira, de memórias saudosas. Em 1979 foi criado o primeiro posto de saúde e também a Associação de Moradores, ambos como instrumentos de defesa do povo simples e da mística que une fé e vida.

Padre Luiz foi grande defensor dos operários e dos trabalhadores rurais na década de 80 e por isso muitas vezes foi criticado e perseguido. Nem por isso teve medo ou abandonou sua missão de dar continuidade a vida e prática de Jesus Cristo, de estar ao lado dos menos favorecidos da sociedade. Sempre denunciou a injustiça e a exploração sofrida pelo povo de Deus, mas não ficou só na denúncia. Sua grande sensibilidade e seu olhar atento às periferias inspirou um dos maiores projetos de solidariedade de Santa Catarina. Seus recursos pessoais foram investidos na criação da Fundação Pauli-Madi que mais tarde mudou o nome para FUNDAÇÃO PADRE LUIZ FACCHINI PRO SOLIDARIEDADE E VIDA. A instituição gerou uma grande rede de solidariedade para manter mais de 30 cozinhas comunitárias para alimentar os filhos de muitos dos operários empobrecidos de Joinville e também de uma tribo indígena em Araquari. No auge do trabalho nas cozinhas eram servidas 4 mil refeições diariamente. A estimativa é que em 20 anos da Fundação foram oferecidas aproximadamente 16 milhões de refeições.

Nos tempos de greve nas portas das empresas, como profeta corajoso, ele ensinava que o cristão não pode ter medo. Seu lema era: “É proibido passar fome”, e sua filosofia de vida: “Se morrer de fome é a maior miséria humana, deixar alguém morrer de fome, é a maior miséria espiritual”. Com o passar do tempo os focos de fome foram diminuindo e a atuação da Fundação Padre Luiz Facchinni passou a se dedicar mais ativamente para o Projeto Cidadão do Futuro, que oferece atividades artísticas e esportivas para crianças e adolescentes, mas sem deixar de atender os necessitados. Infelizmente a fome está voltando a rondar nossas periferias e agora quem vai saciar a fome das crianças de nossa cidade? Roguemos a Deus que mande para nós novos profetas ao estilo do padre Luiz Facchini. Que sejam corajosos em denunciar a injustiça, mas que tenham um coração sensível e solidário.

Padre Luiz nos deixa um legado de solidariedade em favor da vida que nos questiona como cristãos, pois muitas vezes somos omissos e indiferentes diante da fome e do sofrimento humano. Padre Luiz, que seu exemplo permaneça vivo para sempre em nosso meio.  Descanse em paz, pois Jesus Cristo estará te acolhendo conforme prometeu no Evangelho: “Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer” (Mt 25,34).