A morte de milhares de abelhas tem preocupado apicultores do Planalto Norte do estado, e tem deixado prejuízos para a economia da região. O motivo das mortes ainda é desconhecido, mas a suspeita é de contaminação por produtos químicos.

As mortes em massa aconteceram em outras cidades da região Norte. O apicultor Alcides Frogel, de Mafra, teve 150 colmeias afetadas. Em cada uma são milhares de abelhas mortas e prejuízos. Em plena safra, ele já perdeu três toneladas de mel e R$ 50 mil que lucraria com a venda do produto.

“A gente ainda não foi em todos os apiários e com certeza vai ter mais alguns com problemas”, comenta.

Alceu Tomporoski, que mora em Canoinhas, perdeu 10 colmeias, totalizando um prejuízo de R$ 10 mil. A preocupação dele agora é com os outros 60 apiários da família.

“As que têm abelhas ainda se encontram bem fracas. Provavelmente, vão todas morrer. As abelhas de fora também estavam puxando esse mel e isso é muito grave porque se for problema de veneno, eles levam pra outras famílias e daí vai morrer tudo, não é só aquela família ali”, explica Alceu.

Os apiários atingidos das cidades do Planalto Norte totalizam mais de 200 apicultores, 90% da produção deles vai para a Alemanha e Estados Unidos. Apenas 10% fica no mercado interno. Com suspeita de contaminação, vem também a preocupação com o destino do mel que está sendo colhido.

“Se esse mel chegar contaminado na Europa, nós podemos perder a nossa certificação orgânica de mel e isso é o que traz o valor dobrado do nosso mel, tanto nos Estados Unidos como Europa, e daí nós vamos perder todo esse mercado da Europa, o prejuízo vai ser maior do que imaginamos. Sem contar a produção dessa safra que ainda não terminou. Ela não foi mandada, pode ser que já tenha mel contaminado nos entrepostos e não tem como identificar as vezes”, diz Almir Oliveira, que é presidente da Federação Catarinense de Apicultores.

A Cidasc analisa possível suspeita de contaminação

A suspeita dos apicultores é de intoxicação por agrotóxicos e inseticidas das lavouras que ficam no entorno dos apiários. A Companhia de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) já colheu amostras de abelhas e dos favos atingidos para análise e pretende fazer uma pesquisa de precaução de riscos se houver confirmação de contaminação por produtos químicos.

“Vindo esse laudo e se confirmando a nossa expectativa de agrotóxico ou inseticida, vai ser feito um trabalho em conjunto com o Ministério Público e com outros órgãos ambientas”, diz Fernando Bilinski, coordenador de pecuária da Cidasc.

O laudo deve sair em alguns dias. Amostras também foram enviadas para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A federação orienta que o apicultor faça um boletim de ocorrência na polícia e afirma que vai tomar medidas junto aos órgãos de meio ambiente.

Fonte: G1-SC