Em uma tentativa de reaproximação com partidos do Centrão, o presidente Jair Bolsonaro entregou a Diretoria de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao PL, sigla do “ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado no mensalão”. A nomeação de Garigham Amarante Pinto, assessor do partido na Câmara, foi publicada nesta segunda-feira, 18, no Diário Oficial da União.

Vinculado ao Ministério da Educação (MEC), o FNDE é um dos espaços mais cobiçados por políticos, com orçamento de R$ 29,4 bilhões neste ano. Foi por meio do órgão que a pasta contratou uma empresa para fornecer kits escolares a estudantes que, segundo o Ministério Público, está envolvida em um esquema que desviou R$ 134,2 milhões de dinheiro público da saúde e da educação na Paraíba.

No ano passado, o órgão foi alvo de uma disputa entre o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Um indicado pelo deputado, Rodrigo Sérgio Dias, foi exonerado da presidência do fundo em dezembro.

Sob pressão de aliados e após sofrer sucessivas derrotas políticas, Bolsonaro passou nas últimas semanas a distribuir cargos aos partidos do Centrão, em troca de votos no Congresso, ressuscitando a velha prática do “toma lá, dá cá”. No casamento de papel passado, Progressistas e Republicanos já foram contemplados.

A primeira legenda, presidida pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), alvo da Lava Jato, conseguiu emplacar um nome no comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), autarquia com orçamento de R$ 1 bilhão neste ano. O Republicanos, que tem o deputado Marcos Pereira (SP) à frente também alvo da Lava Jato, ficou com a secretaria de Mobilidade Urbana do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Segundo líderes do Centrão, mais nomeações de nomes ligados aos partidos estão previstas para os próximos dias. Ao menos nove órgãos, departamentos e empresas públicas surgem nas conversas de integrantes das grupo, que ainda tem Solidariedade, PSD e PTB.

Outras nomeações:

O presidente também nomeou na semana passada Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo na gestão Temer, para o Conselho da Itaipu Nacional. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União na 6ª feira (15.mai.2020). O mandato de Marun vai até 2024. O salário mensal é de R$ 27.000. Bolsonaro também nomeou o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) e as seguintes pessoas para o conselho da estatal: Célio Faria Júnior, chefe da assessoria especial da Presidência; Wilson Pinto Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras; José Carlos Aleluia Costa, ex-deputado pelo Democratas da Bahia; Pedro Miguel da Costa e Silva, secretário de relações bilaterais e regionais nas Américas do Itamaraty. Todos receberão mensalmente o mesmo montante que Marun: R$ 27.000.