A posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República completou um mês na quinta-feira (31) e, após os primeiros dias de mandato, economistas seguem acompanhando com atenção a condução da pauta econômica pelo novo governo.

Em novembro de 2018, 30 dias após a eleição do novo presidente, o Portal de Notícias G1 ouviu economistas sobre suas expectativas a respeito da capacidade do governo de promover o crescimento da economia, conseguir aprovação de reformas, reequilibrar as contas públicas e gerar mais empregos. Na sexta-feira (1º), a reportagem ouviu novamente os mesmos profissionais.

Participaram do levantamento Alessandra Ribeiro (Tendências Consultoria), Alex Agostini (Austin Rating), André Perfeito (Necton), José Francisco de Lima Gonçalves (Banco Fator), Luís Paulo Rosenberg (Rosenberg Associados) e Marcel Caparoz (RC Consultores).

Além de responder “sim” ou “não” às perguntas, os economistas também fizeram análises sobre as questões levantadas.

Da mesma forma que no levantamento anterior, 5 dos 6 economistas entrevistados responderam que a expectativa é que a economia cresça durante o governo Bolsonaro.

Alex Agostini, da Austin Rating, afirma que o primeiro mês não trouxe motivos para alterar as previsões para o crescimento econômico dos próximos anos. “O governo não adotou nenhuma postura diferente até o momento”, comenta.

Alessandra Ribeiro, da Tendências, também afirma que não houve medidas do governo que mudassem suas estimativas. “No primeiro mês de governo, as sinalizações do encaminhamento da agenda econômica, do que é prioritário, veio em linha com o que a gente estava esperando.”

Já Luis Paulo Rosenberg, da Rosenberg Associados, avalia que as estimativas são baseadas na condução dos trabalhos da equipe econômica. “A gente vê um paradoxo. O governo revela sempre uma postura mais amadora, desconectada, com alguns personagens quase que bufões falando várias coisas retrógradas. Mas, ao mesmo tempo, vemos uma consistência perfeita entre discurso e postura da equipe econômica”, diz.

Marcel Caparoz, da RC Consultores, aponta que a expectativa de crescimento se apoia no fato de que “a confiança de todos os setores está em alta”. Agostini também comenta esse indicador. “Os indicadores antecedentes revelam maior confiança. Portanto, a economia, naturalmente, deverá crescer mais via demanda e investimentos.”

No entanto, Caparoz ressalva que a recuperação deve ser lenta, e afirma que “grandes investimentos só sairão do papel com uma sinalização mais efetiva por parte do governo”. Sobre essa questão, José Francisco de Lima Gonçalves, do Fator, diz: “eu não tenho dúvida de que o grau de incerteza que a gente vive inibe a maior parte das iniciativas.”

Gonçalves aponta ainda que o crescimento depende de uma série de fatores, e eles não estão relacionados ao governo. “Existe um pedaço de crescimento que vai acontecer praticamente independente do que o governo faça, que é uma recuperação que se relaciona com a estabilidade da inflação – e, portanto, juros baixos –, e o ainda elevadíssimo nível de ociosidade”, diz o economista.

André Perfeito, da Necton, acrescenta que o crescimento da economia será reflexo de uma “base de comparação muito baixa”, após as perdas da crise.

Rosenberg também comenta outro fator que deve ajudar a economia e que não depende do governo: a mudança do cenário externo neste começo de 2019. “Há um mês, a gente tinha a preocupação muito grande de que a economia norte-americana mostrava sinais de desaquecimento e o banco central (Fed) falava em subida de juros”, lembra ele. Na reunião deste mês, o Federal Reserve manteve a taxa de juros nos Estados Unidos e sinalizou que pode interromper (ou até reverter) o ciclo de altas.

Fonte: G1